Sistemas de produção de leite: qual é mais vantajoso?

Publicado em: 30 de dezembro, 2020
sistemas de produção de leite

A adoção dos sistemas de produção de leite deve ser devidamente avaliada para cada propriedade. Desse modo, é preciso observar  a genética do animal, a disponibilidade de área e alimento e o capital disponível para possíveis investimentos.

Os sistemas de produção de leite são o extensivo, semi-intensivo e intensivo. Cada um deles possui características singulares que os diferenciam positiva ou negativamente. Assim, esses fatores devem ser considerados no momento da escolha de qual manejo utilizar.

Para isso, o presente texto será um material de orientação sobre os sistemas de produção de leite.

Continue com a leitura!

Sistema extensivo

Nesse sistema os animais são criados prioritariamente à pasto, podendo haver em alguns casos a suplementação com concentrado. Este sistema é amplamente difundido em território nacional pelo entendimento de sua simplicidade.

Entretanto, pastagens também são culturas e devem ser tratadas como tal, ou seja, devem ser adequadamente adubadas e manejadas. Nesses casos, o rendimento em produção de forragem e também a melhoria em seus teores nutricionais podem representar aumentos significativos na produção de leite.

Ademais, no sistema extensivo de produção pode ser dividido em manejo contínuo e rotatínuo. O pastejo contínuo é aquele em que os animais permanecem sempre em uma mesma área, sem divisões (piquetes). 

Em contrapartida, no pastejo rotatínuo acontece a rotação dos animais em piquetes ao longo do tempo. Nesse tipo de manejo, evita-se o pastejo excessivo e garante-se que os animais sempre terão à sua disposição uma forragem de qualidade. No entanto, exige qualificação da mão de obra para o conhecimento da hora de entrada e saída dos animais do piquete e, também, sobre o momento correto da adubação.

Os custos com benfeitorias no sistema extensivo são relativamente baixos, uma vez que basicamente só há necessidade de um estrutura para ordenha e guarda de alimentos e medicamentos. Entretanto, os custos com cercas, principalmente no caso do pastejo rotatínuo são mais altos.

Haja vista que na produção extensiva ocorre a exposição dos animais às condições climáticas é indicado que este sistema seja utilizado em propriedades que possuem animais mais resistentes, por exemplo da raça girolando.

Sistema semi-intensivo

No sistema semi-intensivo os animais permanecem no pasto para descanso e alimentação. Entretanto as exigências nutricionais são atendidas no cocho, durante o ano todo ou uma parte dele. 

Dessa forma, fazendas que utilizam desse sistema necessitam de maior investimento em benfeitorias, como uma pista de trato para os animais, e também uma cultura alternativa para a demanda de volumoso do rebanho. No entanto, o sistema semi-intensivo proporciona um melhor rendimento da área e eficiência na alimentação dos animais quando comparado ao extensivo.

Sistema intensivo

No sistema intensivo ocorre o confinamento dos animais em estábulos e sua nutrição é realizada exclusivamente no cocho. Nessa metodologia os custos com instalações são relativamente altos devido a tecnificação do sistema de produção de leite. Além disso, há necessidade de produção de volumosos de alta qualidade, por exemplo silagem e feno. 

Por ser um sistema que proporciona altos índices de conforto e bem-estar, é recomendado para os animais de bom potencial produtivo. Desse modo, é possível cobrir os custos, tornando o sistema viável economicamente.

Os exemplos de estruturas desse tipo de sistema são Compost Barn, Free Stall, Loose Housing e Tie Stall.

Compost Barn

O compost Barn tem como objetivo a melhoria das condições de bem-estar dos animais, principalmente das vacas em lactação, melhorando os índices produtivos.

Basicamente, consiste em uma grande cama comum à todos animais e uma pista de trato por toda sua extensão. O material da cama geralmente é serragem, maravalha ou casca de café. Este material juntamente com os dejetos dos animais são continuamente compostados e exigem um manejo rigoroso.

Durante o processo de compostagem as temperaturas no interior da cama elevam significativamente. Portanto, é necessário revolver a cama pelo menos duas vezes ao dia para liberação do vapor e utilizar ventiladores para que não retorne à cama.

A temperatura ideal da cama é de 55ºC a 65ºC a 30 centímetros de profundidade. Isto garante que os animais na superfície não sofram queimaduras e que as populações de microrganismos patogênicos permaneçam reduzidas.

As principais vantagens desse sistema são:

  • Redução nos problemas de cascos quando comparado à outros sistemas;
  • Melhorias nos índices reprodutivos, uma vez que oferece maior conforto aos animais;
  • Melhoria na qualidade do leite;
  • Melhoria no manejo de dejetos, pois grande parte da deposição ocorre na cama e sofre compostagem. Posteriormente, o produtor pode lançar mão do uso da cama como adubo orgânico.

Já as desvantagens seriam:

  • Alto custo de manutenção e implementação;
  • Necessidade de um rebanho com boa genética;
  • Quando mal manejado ocasiona em piora da qualidade do leite e enfermidades.

Loose Housing

Trata-se de um local coberto em que a estrutura é bem semelhante à de um Compost Barn, entretanto a permanência dos animais não é fixa. É uma boa opção para proteção dos animais em casos de intempéries.

Free Stall

O Free Stall é um sistema em que os animais possuem camas em formato de baias dispostas em corredores. As camas são dimensionadas de acordo com o tamanho médio dos animais e são constituídas de areia e/ou borracha triturada

Da mesma forma que no Compost Barn, possui pista de trato anexa à estrutura e também garante maior conforto térmico aos animais. Portanto, as vantagens desses dois sistemas são muito similares.

Contudo, uma das principais desvantagens do Free Stall é a grande área de concreto que pode ser fonte de atrito aumentando os problemas de casco.

Qual dos sistemas de produção de leite escolher?

A resposta para essa pergunta exige análise criteriosa da genética dos animais, do capital disponível para investimentos, da qualificação da mão de obra da propriedade e da disponibilidade de área e alimento para os animais. 

Todos os sistemas possuem vantagens e desvantagens e, portanto, sua implementação exige o estudo de qual deles se adequa melhor à realidade da fazenda.

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Fontes: Agro Comunica, CPT Cursos Presenciais, Revista Agropecuária, Revista Leite Integral