A alimentação de bovinos leiteiros pode e deve contar com a mais variada tabela de alimentos. Assim, será possível utilizar alimentos que atendam a demanda nutricional dos animais e que sejam economicamente mais atrativos no momento.
Milho e sorgo são culturas que apresentam produção de matéria verde significativa com qualidade devido a presença de amido. E, portanto, possuem alto valor energético, fundamental para a manutenção e produção dos bovinos leiteiros.
Dessa forma, este texto abordará sobre milho e sorgo na alimentação de bovinos leiteiros.
O milho
O milho é uma gramínea de mecanismo fotossintético C4, ou seja, possui alto potencial de aproveitamento da radiação solar para fotossíntese. No entanto, para expressão do potencial produtivo da cultura, é necessário que se ofereça à planta condições adequadas a seu crescimento. Dessa forma, o arranjo de plantio deve garantir que a planta tenha acesso à luz, fazendo com que sua produção seja elevada.
Então, no caso do milho, o solo deve estar devidamente nutrido, as adubações e correções devem ser calculadas conforme resultados obtidos em análise. A temperatura ambiente deve permanecer entre 21ºC e 30ºC, já que temperaturas muito elevadas podem limitar a produção.
A demanda hídrica da cultura varia de acordo com o estágio fenológico em que se encontra. Sendo que as fases de germinação, pendoamento e enchimento de grãos são as que demandam maior disponibilidade hídrica.
Quando a planta possui 4 folhas totalmente expandidas (V4) tem-se a definição do potencial produtivo, este é o limite para adubação de cobertura. Em V8 é quando define-se o número de fileira de grãos e até aqui a lavoura deve ser mantida livre de matocompetição.
Após o início do enchimento dos grãos deve se atentar à maturação do grão para colheita. No caso de silagem, o grão deve ser colhido de farináceo a farináceo duro (aproximadamente 35% de MS). A colheita para grãos é quando estes atingem umidade entre 18% e 25% e há formação da camada “preta” na inserção do grão na espiga.
Milho na alimentação animal
A cultura do milho é amplamente utilizada na alimentação de bovinos leiteiros, seja na forma de volumoso (silagem) ou concentrado (fubá, grão reidratado, etc.). Na safra 2019/2020, a produção de milho grão foi de 102 milhões de toneladas, de acordo com dados da Conab.
O principal diferencial do milho é a presença de amido, que constitui de 60% a 80% do grão, fazendo deste um alimento rico em energia.
Mas para melhor disponibilidade do amido o grão deve ser adequadamente processado. Por isso, no processamento da silagem é recomendado que seja quebrado em mais de 4 partes.
Quando utilizado na forma de grão, o milho deve ser devidamente armazenado sobre estrados para evitar que roedores tenham acesso à sacaria. Se armazenados em silos graneleiros, estes devem ser devidamente dimensionados e hermeticamente fechados também para evitar a entrada de pragas.
A cultura do milho é a principal quando se trata de ensilagem para fornecimento a bovinos. Mas apesar de sua disseminação em território nacional, exige muitos cuidados e atenção do produtor, uma vez que os custos de produção são elevados. Portanto, seu fornecimento é mais recomendado para aqueles animais que apresentam alta produção.
O sorgo
De origem africana, também é uma planta de mecanismo fotossintético C4 e necessita de temperaturas superiores a 21ºC para um bom desenvolvimento. Possui alta capacidade de rebrota, sendo que pode chegar a valores superiores a 50% da produção do primeiro corte.
Com ciclo de vida entre 90 e 120 dias é muito utilizado em plantios de safrinha uma vez que possui maior grau de tolerância ao déficit hídrico. É classificado em 5 grupos: granífero, sacarino, forrageiro, vassoura e biomassa. Sendo que os dois últimos não são utilizados para alimentação de animais.
Uso do sorgo na alimentação de bovinos leiteiros
O sorgo é uma boa substituição ao milho na alimentação de bovinos leiteiros, pois apresenta 90% do seu potencial energético. Também pode ser utilizado como silagem ou grãos na alimentação dos bovinos e ainda possui um menor custo de produção.
A presença de taninos na estrutura da planta é um fator a ser analisado. Estes compostos têm como característica a atuação na diminuição da degradação da proteína, comprometendo o processamento e aproveitamento nutricional pelo animal. Entretanto, existem cultivares com menores índices de taninos em sua composição.
O grão do sorgo também deve ser processado a fim de disponibilizar o amido, e para isso recomenda-se uma moagem mais fina que a do milho (2 mm). Nesta mesma moagem se adicionada água obtém-se o grão de sorgo reidratado.
Para uma boa silagem, o sorgo deve ser pelo menos de duplo propósito (porte médio). Assim como o milho, deve ser colhido com teor de MS entre 30% e 35%. A verificação a campo consiste em apertar os grãos mais externos da panícula, quando eles cedem, mas não umedecem os dedos estão prontos para serem colhidos.
O processo de ensilagem
Para as duas culturas os processos de ensilagem são muito similares. A colheita da planta deve ser realizada a aproximadamente 25 centímetros do solo. Durante o período da colheita, a compactação deve estar sendo realizada a fim de garantir a ausência de oxigênio na massa.
Os silos podem ser dos mais variados (bags, trincheira, superfície) ficando a critério do produtor a escolha. Entretanto, seu dimensionamento deve garantir a retirada de “paredes” de pelo menos 20 centímetros de espessura diariamente para evitar a entrada de oxigênio.
Milho vs. Sorgo: qual utilizar na alimentação de bovinos leiteiros?
O milho e o sorgo são os dois alimentos concentrados mais utilizados em confinamentos de bovinos. E como apresentado no texto, são várias as possibilidades de utilização dessas culturas na produção de leite e carne.
Entretanto, o produtor deve buscar o alimento que possibilitará ao seu rebanho a expressão do potencial produtivo e que seja economicamente atrativo.
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Fontes: Agroceres, Canal Rural, CompreRural,Embrapa 1, 2, 3 e 4, Manual de Silagem – KWS Sementes, Revista Leite Integral