Quais as recomendações de manejo sanitário na pecuária leiteira?

Publicado em: 30 de dezembro, 2020

Garantir a sanidade dos rebanhos leiteiros é imprescindível para a lucratividade na produção. Animais doentes produzem menos e aumentam os gastos com medicamentos. Dessa forma, o manejo sanitário na pecuária leiteira deve ser planejado para prevenir ao máximo que os animais tornem-se enfermos.

Afinal, é “melhor do previnir do que remediar” e para isso é necessário conhecer o que é possível ser realizado na rotina da fazenda. Para saber mais sobre esse assunto, continue com a leitura e saiba mais.

Calendário de vacinação

A vacinação dos rebanhos é uma forma eficiente de prevenir possíveis doenças. Algumas vacinas são utilizadas conforme recomendações técnicas e ainda existem programas governamentais que regulamentam a vacinação contra febre aftosa (PNEFA), brucelose (PNCEBT) e raiva (PNCRH).

Dessa forma, é recomendado que exista na fazenda um calendário de vacinação com especificações da época de aplicação, dos produtos a serem utilizados e em quais categorias e demais observações.

Todos animais do rebanho devem ser vacinados obrigatoriamente contra febre aftosa no mês de maio, sendo que no mês de novembro os animais com até 24 meses recebem uma dose de reforço.

A vacinação contra brucelose também é obrigatória e deve ser realizada em fêmeas com idade de 3 a 8 meses. Posteriormente, os animais devem ser marcados com o número do ano de vacinação na face esquerda.

O PNCRH não é de aplicação obrigatória, entretanto é recomendada a vacinação contra raiva. Todos animais com mais de 3 meses devem ser vacinados.

Além disso, é aconselhada a vacinação contra clostridioses (manqueira, botulismo, etc.) e  rinotraqueíte infecciosa (IBR), diarreia viral bovina (BVD) e leptospirose

Todas as fêmeas com mais de 3 meses devem ser vacinadas contra IBR/BVD/Leptospirose com reforço após 6 meses. Em alguns casos recomenda-se que o reforço seja apenas contra a leptospirose. Já as vacinas contra clostridioses devem ser ministradas em animais aos 4, 6 e 18 meses.

Vermifugação

As verminoses são muitas vezes ignoradas em fazendas leiteiras. Entretanto, podem causar grandes prejuízos aos animais, como redução no ganho de peso e na produção de leite, uma vez que competem com o animal pelos nutrientes ingeridos.

Portanto, no manejo sanitário de bovinos leiteiros, desde os primeiros dias de vida, deve-se iniciar a vermifugação e continuar com esta rotina medicamentosa também na fase adulta.

Para um controle de endoparasitas eficiente, o produtor deve estar atento às condições que favorecem estes patógenos. Por isso, a recomendação padrão é que o controle estratégico seja realizado no final do período das chuvas ou início do período seco.

Ectoparasitas

Os ectoparasitas são aqueles parasitas que vivem na parte externa do corpo do animal. Os exemplos mais comuns são os carrapatos, bicheiras e bernes que comprometem o desempenho dos animais, pois causam grande desconforto à eles.

Os controles recomendados são a eliminação de condições favoráveis à presença de moscas no ambiente de produção de leite. Em caso de infestação, estas devem ser controladas por meio da limpeza da ferida e utilização de medicamentos recomendados.

No caso de carrapatos, o produtor pode lançar mão de um controle estratégico durante o período chuvoso. Os carrapaticidas podem ser aplicados em forma de banho ou pouron.

Cuidados específicos

Dentro do manejo sanitário existem cuidados específicos de cada categoria que otimizam e melhoram a sanidade do rebanho. Sendo assim, alguns deles são apresentados a seguir:

Mastite

A mastite ou mamite é a infecção da glândula mamária, acomete principalmente vacas em lactação. Causa prejuízos na cadeia leiteira uma vez que reduz a produção de leite pelo animal e aumenta os custos com medicamentos para seu tratamento.

Pode ser evitada ao manter uma rotina rígida de higienização dos equipamentos de ordenha. Outro fator importante é garantir que os animais possam descansar e deitar em locais secos e limpos. Dessa forma, haverá o impedimento da proliferação e passagem dos agentes patogênicos para o úbere.

Em contrapartida, uma terapia de secagem eficiente também contribui para a diminuição dos casos da doença nas vacas em lactação. 

Além disso, após o correto diagnóstico, os animais com mastite clínica e subclínica devem ser ordenhados por último. Nos casos em que o tratamento medicamentoso é necessário, este deve ser realizado no período especificado pelo fabricante do antibiótico. Reduzir o número de dias da aplicação de um antibiótico pode selecionar microrganismos resistentes aumentando os custos de produção.

Problemas de casco

A sanidade dos cascos das vacas é fundamental para sua locomoção. Podem ter origens diversas como distúrbios metabólicos e questões do ambiente, por exemplo impactos com pedras.

Para o correto manejo é recomendado que haja casqueamento preventivo e um bom balanceamento da dieta. No que se refere ao ambiente, o local onde os animais permanecem não  deve ter a presença de materiais que possam causar machucados ou acúmulo de lama. 

Colostragem

O colostro é o leite produzido pela vaca no final da gestação, que é rico em anticorpos. Uma boa colostragem é imprescindível para garantir a transferência de imunidade dos bovinos, uma vez que esta não ocorre da mãe para o feto no útero. Sendo assim, é recomendado que o bezerro receba o colostro em até 6 horas após o nascimento, pois é quando ocorre a maior absorção dos anticorpos pelo aparelho digestivo do recém-nascido. 

A colostragem terá efeito por toda vida do animal, então deve receber a devida atenção dos produtores. A produção e a qualidade do colostro variam de animal para animal. Sendo assim, recomenda-se que a propriedade possua um banco de colostro para armazenamento do excedente.

Cura de umbigo

A cura de umbigo deve ser realizada para que este seque de forma higiênica e sem infecção. A recomendação é que seja aplicada uma solução de iodo a 10% de concentração pelo menos duas vezes ao dia por 4 dias após o nascimento.

Diarreia em bezerro

A diarreia é uma das enfermidades que mais atingem os animais em fase de cria. Apesar de ser uma doença recorrente e de fácil diagnóstico, a diarreia submete o animal à desidratação e pode levar o animal a óbito.

Com vistas disso, o principal tratamento desta doença é a hidratação com soro e o monitoramento constante dos animais. 

Tristeza parasitária bovina

A TPB é causada por dois agentes, sendo eles anaplasma e babesia. Sendo o primeiro transmitido por insetos hematófagos e o segundo pelo carrapato. A principal característica da doença é o quadro de anemia severa, causando o embranquecimento das mucosas dos animais.

É uma doença severa que muitas vezes causa a morte, dessa forma os animais de cria e recria devem ser vistoriados diariamente e tratados assim que diagnosticados.

Diagnóstico e tratamento correto são fundamentais 

Realizar o correto manejo sanitário na pecuária leiteira, ou seja, cuidar e prevenir doenças, é fator determinante no sucesso produtivo. Animais doentes comem menos e, consequentemente, produzem menos. Além disso, podem ser veículo de transmissão de doenças aos rebanhos.

Dessa forma, produtor e funcionários devem conhecer, vistoriar e diagnosticar corretamente e logo que os primeiros sintomas da doença surgem realizar o tratamento.

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Fontes: Embrapa, Leigado Blog, Manual de Legislação – Saúde Animal, Ourofino