Gerar um leite que garanta a segurança alimentar dos consumidores deve ser o objetivo principal de uma fazenda leiteira. Sendo assim, o manejo de ordenha é fundamental para alcançar esta meta.
Para isso, é necessário que produtores e funcionários estejam alinhados nas boas práticas de produção a fim de zelar pela qualidade do leite.
Este texto abordará alguns passos durante a ordenha que vão auxiliar o produtor a implementar práticas que assegurem a idoneidade do leite.
Sendo assim, prossiga com a leitura!
Higiene pessoal é fundamental para um leite de qualidade
Primeiramente, deve-se evitar constantemente a contaminação física, química e microbiológica do leite. Dessa forma, os hábitos higiênicos dos funcionários que realizam a ordenha é imprescindível. Pois agentes contaminantes podem estar presentes em suas mãos, cabelos e roupas. Portanto, sempre que possível, capacite sua mão de obra e oriente sobre os cuidados necessários.
Manejo racional dos animais e equipamentos de ordenha
Além disso, os ordenhadores devem entender sobre o manejo de uma vaca em lactação e também dos equipamentos de ordenha. Uma vez que ambos manejos interferem no desempenho produtivo do sistema.
No manejo das vacas em lactação, deve-se entender quais práticas são benéficas ao bem-estar dos animais. Por exemplo, uma condução tranquila para a sala de ordenha. Isso porque, quando os animais são maltratados pode ocorrer aumento do leite residual e redução da produção.
Além disso, os animais devem ser ordenhados de acordo com critérios de sanidade do úbere. Dessa forma, o recomendado é que os animais que apresentam altos índices de CCS detectados pelo teste CMT ou grumos no leite (mastite) sejam ordenhados por último. Ademais, o leite das vacas que estão em tratamento com antibiótico deve ser separado e descartado devidamente.
Antes da ordenha: o que devo conferir?
Mais do que prezar pela higiene pessoal dos ordenhadores, as instalações e utensílios devem estar limpos antes do procedimento de ordenha. Dessa forma, ao final de cada ordenha a higienização deve ser realizada.
A higienização consiste em:
- pré-enxágue: realizado com água morna (por volta de 35ºC) que será descartada sem recirculação;
- utilização de detergente alcalino: a temperatura inicial da água deve ser de 70ºC e ao final do processo deve estar com valores superiores à 40ºC. Realizar este procedimento por 10 minutos;
- detergente ácido: água à temperatura ambiente e o processo com duração de 5 minutos. Deve ser utilizado de acordo com a dureza da água, mas a frequência mínima recomendada é de duas vezes na semana;
- sanitização: uma solução à base de cloro deve ser circulada pelo sistema por 5 minutos.
Os procedimentos adequados durante a ordenha
No momento do manejo de ordenha os animais devem ser tratados com o máximo silêncio possível. Além disso, deve- se iniciar os procedimentos citados a seguir:
- Separar os animais de acordo com a linha de ordenha;
- Realizar o teste da caneca de fundo preto que consiste na retirada dos primeiros três jatos de leite que, além de verificar se há grumos (mastite clínica), serve como estímulo para a descida do leite;
- Neste ponto também deve-se realizar o teste CMT com frequência mínima mensal;
- Aplicar a solução pré-dipping que funciona como prevenção de infecções de origem ambiental;
- Colocar as teteiras e ordenhar ininterruptamente até o esgotamento do leite;
- Retirar as teteiras;
- Aplicar a solução pós-dipping para prevenção de mastite de origem contagiosa;
- Fornecer alimento para que os animais se mantenham de pé para evitar o contato direto do teto com esfíncter ainda aberto com solo e matéria orgânica.
Protocolo de tratamento e a importância na qualidade do leite
Conforme orientações veterinárias, para o tratamento de mastite a fazenda leiteira deve contar com um protocolo de tratamento.
Para implantar o protocolo deve haver, primeiramente, o treinamento da mão de obra, para que esta consiga reconhecer os sintomas da doença.
Além disso, no protocolo, os medicamentos a serem utilizados bem como suas vias de aplicação devem estar bem esclarecidos.
Ademais, é necessário que o funcionário entenda e respeite o período de carência dos antibióticos utilizados no tratamento. Sendo assim, o leite com antibiótico não pode ser misturado ao leite do tanque.
Refrigeração do leite
O leite deve ser refrigerado de modo a atingir uma temperatura de 4ºC em até três horas após sua retirada. Além disso, a coleta pelo laticínio deve ocorrer em 48 horas.
Estas exigências levam em consideração a proliferação e crescimento populacional de microrganismos. Sendo assim, quando elas são devidamente seguidas por produtores e laticínios, a segurança alimentar ao consumidor é assegurada.
Quais são os parâmetros de qualidade analisados?
São eles a Contagem de Células Somáticas (CCS) e a Contagem Bacteriana Total (CBT) e também as características inerentes ao produto que são gordura e proteína. Muitos laticínios bonificam financeiramente aquele leite que está com bons índices nos parâmetros apresentados anteriormente.
A CCS refere-se à descamação da glândula mamária que ocorre quando o animal possui alguma infecção. Dessa forma, é afetada diretamente pela mastite. Dessa forma, essa enfermidade deve ser muito bem avaliada e tratada dentro da fazenda leiteira.
A CBT indica a falta de higiene nos procedimentos que entram em contato direto com o leite. Sendo assim, o manejo de ordenha inadequado ocasiona o “deixar de ganhar” uma vez que não haverá bonificação.
Os teores de gordura e proteína no leite variam de espécie para espécie e também conforme a dieta fornecida aos animais. Um valor médio padrão é de 3.7% de gordura e 3.1% de proteína. E para manejar esses valores dentro dos limites que a genética do animal permite deve-se atentar para a dieta fornecida.
Dietas que diminuem a gordura do leite afetam a saúde ruminal, podendo refletir até em o aparecimento de laminites, que são doenças de casco.
Em geral mais da metade da variação da composição do leite se deve à hereditariedade, enquanto o restante é por fatores ambientais.
Entretanto, a ingestão direta de proteína e gordura via alimentação não aumentará os teores destes sólidos no leite. Portanto, o manejo é mais complexo e necessita de acompanhamento técnico especializado para melhoria de seus valores.
Mão de obra eficiente = leite de alta qualidade
Diante de tudo o que foi mencionado, percebemos que muitos são os fatores do manejo de ordenha que influenciam na qualidade final do leite. Porém, os hábitos higiênicos dos funcionários e de higienização dos equipamentos e utensílios são imprescindíveis para atingir melhores resultados.
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Fontes: Eddie Fernando Reis, Embrapa, IN 76 e 77 do MAPA, Marcos Veiga,