A alta nos valores da arroba do boi gordo tem chamado à atenção dos produtores de leite de Minas e do Brasil. No mês de abril de 2021, o indicador Boi Gordo ESALQ/B3 no estado de São Paulo alcançou o valor de R$ 316,10, bem como o valor do bezerro também tem se destacado. Sendo assim, muitos produtores passam a se questionar se vale a pena recriar o macho leiteiro. Vou explicar neste artigo o que deve ser avaliado antes de tomar esta decisão.
Sistema de produção da fazenda
Primeiramente, para responder a essa pergunta temos que avaliar alguns pontos do sistema de produção da fazenda:
- Consigo aproveitar a mão de obra já contratada nessa atividade.
- Tenho oferta de alimento.
- Preço dos insumos x Preço da Arroba
- Aspectos nutricionais e sanitários que me levem a ser eficiente em desempenho e ter baixa mortalidade.
- Estrutura e espaço físico.
- Análise de Viabilidade e Planejamento
Se você consegue usar a mão de obra já contratada, se torna mais interessante a criação do macho leiteiro, pois tem um fator de diluição dos custos. Já quanto à oferta de alimentos, alguns produtores têm buscado alternativas como, por exemplo, o confinamento em “Grão Inteiro”, mas deve ser sempre avaliado para não faltar alimento para a atividade principal: o leite. Em conversa com alguns pecuaristas vejo que muitos não computam as despesas com mortalidade e estas muitas vezes podem inviabilizar o negócio. As margens do negócio são muito estreitas, portanto investimentos em estrutura também devem ser mínimos.
Viabilidade econômica
Após essa avaliação inicial e tomada a decisão de se recriar o macho leiteiro, vamos discutir a viabilidade econômica em se recriar os machos, a partir dos dados de um produtor que já faz essa recria de machos (Confinamento) há algum tempo em uma fazenda que prestamos assistência técnica e gerencial. E com essa análise, espero ajudar você a fazer o seu planejamento para recria dos machos leiteiros, de maneira bastante assertiva.
Antes de iniciarmos a avaliação de viabilidade vamos explicar a metodologia usada para cálculo de custo:
- Custos com alimentação – Gastos reais com a compra de insumos(kg) x quantidade consumida durante cada fase.
- Gasto com mão de obra- (Custo do dia da mão de obra diário / número de animais)x período
- Custo fixo – Depreciação + custo de oportunidade (6% do capital empatado) – foi feito uma apropriação para atividade de corte (10% do total). Assim, chegamos ao valor do custo fixo por animal/dia.
- Gasto com medicamento- Gasto total de medicamento/número de animais/dia. Depois fizemos uma apropriação em função da faixa etária visto que nas fases iniciais os gastos são maiores.
- Outros gastos de Custeio- (Gasto total/número de animais/dia)x período.
Sendo assim, podemos observar na tabela abaixo os custos totais por cabeça durante a cria e fase pós-desaleitamento, e estes são bastante consideráveis, um bezerro aos 130 dias custava R$ 823,07. Já colocando a mortalidade ocorrida na fazenda durante esse período, o valor se aproximava de R$ 900,00. Percebe-se que o custo de maior importância nessa fase é o aleitamento, representando aproximadamente 60% do custo total. Uma observação interessante é que esse custo pode ser amenizado, incluindo sucedâneo ou até mesmo o leite de descarte.
Nessa fazenda, computamos o valor médio do litro de leite dos últimos dois anos para definir o preço unitário. Embora ele tenha usado o leite descarte, atribui valor a ele para não termos um custo subestimado. Outro valor de destaque refere-se ao gasto com concentrado e milho grão, que representaram aproximadamente 27%.
Continuando a avaliação de viabilidade econômica da recria de machos, vamos observar a tabela abaixo. Ela vai do dia 131 até a venda destes animais, que ocorreu em média com 440 dias e 15@. A partir dessa fase, os custos com concentrado, sal e milho grão são os mais relevantes, totalizando R$ 2.637,70 e representando cerca de 90% dos custos nessa fase. Muitos técnicos e pecuaristas conseguem amenizar um pouco essas despesas, usando alimentos alternativos ou fazendo compras estratégicas.
Os gastos com Mão de obra, custos fixos não são relevantes nessa fase pois há um fator de diluição muito importante nessa fazenda, visto que as fêmeas em recria do gado de leite ficam nessa fazenda e além disso há um gado de corte num sistema mais extensivo (totalizando mais de 80 cabeças) aproveitando áreas de Morro, dividindo portanto esses custos.
Continuando a avaliação de viabilidade econômica da recria de machos, vamos observar a tabela abaixo que vai do dia 131 até a venda destes animais, que ocorreu em média com 440 dias e 15@. A partir dessa fase, os custos com concentrado, sal e milho grão são os mais relevantes, totalizando R$ 2.637,70 e representando cerca de 90% dos custos nessa fase. Muitos técnicos e pecuaristas conseguem amenizar um pouco essas despesas, usando alimentos alternativos ou fazendo compras estratégicas.
Os gastos com Mão de obra, custos fixos não são relevantes nessa fase pois há um fator de diluição muito importante nessa fazenda, visto que as fêmeas em recria do gado de leite ficam nessa fazenda. Além disso há um gado de corte num sistema mais extensivo (totalizando mais de 80 cabeças) aproveitando áreas de Morro, dividindo portanto esses custos.
No caso acima, o produtor conseguiu vender os bois a R$ 280,00/ @ na época (setembro de 2020), e obteve um lucro extra de R$ 8.831,40, nesse período, apenas com a venda desses machos. Gostaria de chamar a atenção dos pecuaristas para esse cenário, já que é muito importante o aproveitamento dos recursos da fazenda (terra, mão de obra…). Porém temos que ser eficientes. Percebam o impacto da mortalidade nas contas, e vejam que num lote de 20 animais, se perdermos 3 animais na fase final, o lucro será zero, se 4 animais morrerem, já passamos a ter prejuízo.
Então, vale a pena criar machos leiteiros?
Tendo em vista esse cenário de bons preços de @, mas de alta de insumos, avalie muito bem os benefícios de se fazer a recria de machos em confinamento e faça um bom PLANEJAMENTO, que como podemos avaliar é sim uma atividade viável, mas faça com eficiência, pois a ineficiência pode lhe custar caro. Além disso, a escala é muito importante para termos uma boa renda com a venda desses animais!
Sendo assim, a recria de macho leiteiro como fonte de renda extra é sim uma atividade interessante ao produtor de leite.
Marcus Vinicius Castro Moreira – Médico Veterinário