As Boas Práticas Agropecuárias ou BPAs podem ser entendidas como o conjunto de práticas de manejo, sistêmicas e planejadas, dentro da propriedade. O objetivo principal é a produção alimentar segura nos âmbitos social, econômico e ambiental.
Estas ações conjuntas diferenciam positivamente o produto entregue ao consumidor final. Isso se configura um mecanismo para se alcançar a sustentabilidade do sistema.
O uso adequado desta ferramenta necessita da capacitação de técnicos, produtores e colaboradores para que entendam que as ações isoladas em cada área da fazenda agropecuária são parte fundamental dos resultados de todo o complexo produtivo.
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Mas então, quais são as Boas Práticas Agropecuárias?
As Boas Práticas Agropecuárias são divididas entre fundamentais e complementares. As fundamentais são aquelas que exercem influência direta na qualidade final do produto, sendo as demais ações definidas como complementares.
Desse modo, práticas de manejo sanitário, manejo alimentar e armazenamento correto de alimentos dos rebanhos são consideradas essenciais para a manutenção produtiva dos animais.
Água: alimento e insumo
Tratando-se da produção de carne e leite, é imprescindível que ocorra correto armazenamento e refrigeração dos produtos. Além disso, o fornecimento de água de boa qualidade para dessedentação e limpeza dos equipamentos.
Uma vaca leiteira consome entre 40 e 120 litros de água por dia, podendo variar conforme fatores ambientais (temperatura, umidade do ar, etc.) e fisiológicos (produção de leite, sanidade, idade, etc.). Entretanto, este consumo é altamente influenciado pela qualidade da água ofertada, águas salinas, por exemplo, limitam consumo.
Os equipamentos e utensílios que entram em contato com os alimentos gerados, quando higienizados com água de má qualidade, podem ser veículos de patógenos e outros contaminantes. Também podem ocasionar a diminuição da eficiência dos desinfetantes utilizados, o que culmina em interferência nas características qualitativas do leite e da carne.
Bem-estar animal e manejo racional
Outro ponto de abrangência das Boas Práticas, relaciona-se ao bem-estar animal, além de interferir diretamente na produção pelos animais, sejam eles bovinos leiteiros ou de corte, é um assunto de grande influência na visibilidade da atividade pelos consumidores. Assim, a manutenção do bem-estar dos animais passa pelas “cinco liberdades” que são: livres de fome, sede e desnutrição; livres de desconforto; livres de dor, lesões e doenças; livres de medo e livres para expressão normal de seu comportamento animal.
Para tanto, proprietários, técnicos e colaboradores devem estar alinhados em um propósito de manutenção de bons relacionamentos homem-animal. Perpassando também pela constante capacitação de gestores e funcionários da propriedade rural. Nesse sentido, mostra-se que a constante busca pelo aprimoramento da mão de obra é ferramenta essencial para o desenvolvimento e aumento de produtividade das empresas rurais.
Gestão de riscos ambientais
O manejo incorreto de nutrientes, efluentes e demais resíduos na produção podem ocasionar sérios problemas de contaminação ambiental. Portanto, ações cotidianas relacionadas à mitigação destes impactos negativos devem ser adotadas. Alguns exemplos citados são o correto acondicionamento de efluentes, análise dos compostos orgânicos de dejetos animais antes de aplicação nas lavouras, separação do lixo doméstico para reciclagem, entre outros.
Além disso, o uso, estocagem e descarte de produtos químicos (agrotóxicos, medicamentos veterinários, etc.) devem seguir normas estabelecidas, lembrando-se de utilizar sempre produtos autorizados para a finalidade desejada.
Gestão técnica e financeira também são Boas Práticas Agropecuárias
Diante do exposto, todas ações dentro das BPAs buscam, de certa forma, assegurar a viabilidade financeira da fazenda. Sendo assim, as anotações rotineiras do uso de insumos, sanidade, nascimento e reprodução dos animais (partos, cios, inseminações, etc.) e de receitas de despesas são também consideradas dentro do contexto das Boas Práticas.
Como alcançar as BPAs?
A adoção de Boas Práticas Agropecuárias muitas vezes ocorre de forma natural na propriedade, mas em alguns casos necessita de orientação técnica qualificada e para isso deve haver por parte destes o interesse. Portanto, a participação em cursos que abordem os conceitos das boas práticas é de extrema importância para que, por meio do trabalho conjunto de produtores e técnicos, seja possível alcançar o desenvolvimento rural sustentável.
Assim, torna-se possível manejar a propriedade de modo que esta esteja dentro das exigências legais e das expectativas da sociedade. Quer saber mais sobre as BPAs e se tornar um especialista em Bovinos Leiteiros? Acesse nossa Pós-graduação em Produção de Gado de Leite.
Fontes: Boas Práticas Agropecuárias na Produção Leiteira Parte I e II, EMBRAPA – Comunicado Técnico 101, ESTADO DE SÃO PAULO, FAO