A necessidade do uso do pós-dipping já está bem esclarecida para a maioria dos produtores e técnicos, porém eles ainda pecam nos critérios para escolha do produto.
Há dois grandes objetivos no uso desses produtos: a desinfecção da pele dos tetos e também a ação cosmética sobre os mesmos, ou seja, manter a pele dos tetos saudáveis, íntegras e hidratadas. Veja a seguir mais detalhes sobre estes produtos!
FATOR DE RISCO
A quantidade de bactérias nos tetos possui relação direta com o risco de novas infecções intramamárias. Além disso, a saúde e a integridade da pele dos tetos, principalmente na região do esfíncter, são fatores importantes para manutenção da barreira natural contra agentes causadores da mastite. Microlesões, ressecamentos e rachaduras na pele do teto são fatores que contribuem para uma maior colonização de bactérias no local, aumentando as chances de um caso de mastite.
Assim sendo, a higienização dos tetos tanto antes como após a ordenha (pré e pós-dipping), ganha grande importância na prevenção das infecções intramamárias. O pós-dipping tem como principal objetivo diminuir a transmissão de patógenos causadores da mastite contagiosa. Nesse caso o objetivo é eliminar as bactérias que por ventura tenham sido adquiridas no momento da ordenha, seja pelo próprio equipamento ou pelas mãos do ordenhador.
PRINCIPAIS PRINCÍPIOS ATIVOS
O principal componente desses produtos é o agente germicida. Abaixo estão exemplificados os principais deles, com suas vantagens e desvantagens.
IODO: possui amplo espectro de ação, com atividade bactericida, fungicida e viricida. Um fator crucial relacionado a esse produto é a concentração de iodo livre, que pode variar muito nos diferentes produtos do mercado. Iodo livre é a parte do iodo que não está complexada, e é justamente esta parte que é ativa com capacidade germicida. Hoje o produto comercial com maior concentração de iodo livre tem de 12 a 14 ppm. É importante levar isso em consideração, pois, pode acontecer de um produto A possuir uma concentração de iodo total menor (0,5% por exemplo) que o produto B (1%), porém, ter mais iodo livre, que é o que efetivamente interessa. O desafio maior é que, normalmente, os rótulos só apresentam a concentração do iodo total.
CLOREXIDINA: possui ação germicida, principalmente contra bactérias. Suas principais vantagens são o maior tempo de ação, comparado a outros germicidas, e possuir uma menor redução de sua atividade na presença de matéria orgânica. Porém, possui limitada atividade contra as bactérias Pseudomonas spp e Serratia spp, que podem sobreviver nessa solução desinfetante.
ÁCIDO LÁTICO: tem um bom condicionamento para a pele, mas tem restrito espectro de ação.
RESUMINDO:
Ainda há alguns produtores que utilizam o cloro como pós dipping, porém ele não é um produto indicado para isso, devido à possibilidade, dependendo da concentração, de causar irritação na pele dos tetos das vacas e das mãos do ordenhador, uma vez que não tem como se adicionar hidratante. Além disso, perde bastante o seu poder de ação na presença de matéria orgânica e tem alta instabilidade quando armazenado por longo período.
CONCLUINDO
Um ponto importante é que a formulação do produto escolhido tenha sido testada e comprovada cientificamente, ou seja, que escolha produtos de empresas idôneas e que ele seja realmente capaz de reduzir a ocorrência de casos de mastite no rebanho. O gasto com materiais de ordenha sobre a renda bruta da atividade gira em torno de 1 a 3%, não vale a pena arriscar com produtos baratos que na maioria das vezes não entregam a eficácia esperada.
André Navarro – Médico Veterinário