Mastite em novilhas: ocorrência e prevenção

Publicado em: 05 de outubro, 2021
mastite em novilhas

Os principais fatores relacionados à incidência da mastite em novilhas estão relacionados às práticas incorretas durante o manejo de ordenha, bem como falhas na higienização e manutenção dos equipamentos. Por esse motivo, a mastite em novilhas é algo inesperado e bem menos comum do que em vacas.

As consequências negativas da mastite em novilhas são significativas e, muitas vezes podem ser permanentes. Abaixo seguem algumas delas: 

– Desenvolvimento incompleto da glândula mamária durante a gestação e primeira lactação.

– Aumento da CCS após o parto.

– Redução do potencial de produção de leite dos animais infectados.

Como ocorre a transmissão da mastite em novilhas?

Algumas das principais formas de transmissão da mastite em novilhas estão descritas a seguir:

  • Moscas: uma das principais formas de transmissão da mastite em novilhas, principalmente pelas moscas hematófagas, que, ao se alimentarem nas extremidades dos tetos, provocam pequenas lesões, onde se desenvolvem os patógenos causadores da mastite. Além disso, elas podem atuar também como simples vetores mecânicos, transferindo esses patógenos de uma superfície contaminada para os tetos sadios de uma novilha.
  • Mamada cruzada: mais comum em sistemas onde as bezerras são criadas em bezerreiros coletivos. Quando essas bezerras são alimentadas com leite de descarte de vacas com mastite, podem transmitir bactérias desse leite mastítico, da boca para os tetos de outras bezerras, por meio da mamada cruzada. Dependendo do patógeno e das condições do animal, esse microrganismo pode se alojar por longos períodos na glândula mamária após a infecção, e manifestar a doença somente quando a glândula se desenvolver de forma mais acelerada no terço final da gestação.
  • Pressão na glândula mamária: nos dias que antecedem o parto há um aumento da pressão na glândula mamária, que está se desenvolvendo para iniciar a lactação. Isso pode predispor a abertura do esfíncter e facilitar a entrada de patógenos causadores de mastite. Somado a isso, nesta fase há um aumento no estresse desses animais e com isso a queda na imunidade.

Como podemos prevenir?

Como medidas preventivas da mastite em novilhas podemos destacar os pontos listados abaixo:

  • Controle de moscas, ou seja, fazendo um bom manejo dos dejetos (esterqueiras, chorumeira, etc.), e evitando acúmulo de lixo que possa atrair esses insetos.
  • Criação de bezerras em abrigos individuais para evitar o contato direto e a mamada cruzada.
  • Um bom pré-parto, preferencialmente separado das vacas adultas, sem acúmulo de barro e matéria orgânica, e com conforto e dieta adequada para potencializar o sistema imune.
  • Por fim, alguns estudos demonstraram que para fazendas com alta incidência de mastite em novilhas, o uso de selante interno para tetos 30 dias antes do parto previsto diminui o risco de infecções intramamárias no pré-parto e no pós parto imediato (até 2 semanas de lactação).

Portanto, como importantes peças na reposição de animais, devemos dar totais condições para as novilhas expressarem seu potencial genético desde a primeira lactação. A mastite nessa fase compromete a produção futura e pode até ser motivo de descarte do animal. É nosso papel trabalhar na prevenção para evitar perdas econômicas!

André Navraro – Médico Veterinário