Leite é um alimento completo, composto por água, proteínas, gorduras, açúcares e rico em minerais e vitaminas. Sendo assim, vários microrganismos, principalmente bactérias, podem aproveitar o leite como meio de crescimento e multiplicação. Por esse motivo, em uma propriedade leiteira, toda a atenção deve ser dada à limpeza e à higienização dos equipamentos de ordenha, pois, como estão em contato direto com o leite, quaisquer resíduos em suas superfícies são suficientes para o crescimento bacteriano e, consequentemente, o aumento da CBT (Contagem Bacteriana Total) do leite.
A seguir, veja quais fatores influenciam na higiene dos sistemas de ordenha e o que é preciso observar durante o manejo!
Fatores que influenciam na eficiência da higiene dos sistemas de ordenha
– Volume de água: usualmente trabalha-se de 7 litros a 10 litros de água, por conjunto. Menos que sete pode ser um volume insuficiente pra entrar em contato com toda as superfícies necessárias, enquanto mais que 10 pode encher demais o sistema e não provocar o turbilhonamento necessário da água, importante para ajudar na remoção dos resíduos do leite.
– Qualidade da água: uma importante característica é a “dureza” da água. Águas “duras” possuem altas concentrações de sais de carbonato de cálcio e magnésio. Eles podem sofrer precipitações que se tornam de difícil remoção das superfícies dos equipamentos. Nesses casos as concentrações ideais dos detergentes para limpeza devem ser alteradas.
– Qualidade dos produtos utilizados: tanto na limpeza com detergente alcalino clorado quanto na com detergente ácido a qualidade do produto usado é extremamente importante. Após a diluição recomendada pelo fabricante, a solução alcalina deve ter um pH no mínimo de 10 a 11,5 ter de 75 a 200 ppm de cloro, já a solução ácida deve ter pH menor ou igual a 3,5.
– Concentração dos detergentes: o uso desses produtos deve seguir rigorosamente as recomendações dos fabricantes. Quando em baixas concentrações a limpeza será incompleta, já em altas concentrações pode causar deposições, reduzir a eficiência, acelerar o desgaste dos equipamentos, além de aumentar os custos do processo.
– Temperatura da água: na limpeza com o detergente alcalino clorado a temperatura inicial da solução deve ser de 70 a 75°C e ao final do ciclo não deve ser menor que 40°C. Já com o detergente ácido a água deve ser fria, temperatura acima de 60°C causa evaporação do detergente e formação de depósitos minerais.
– Tempo de ciclo: a ação química dos produtos depende do tempo mínimo de contato. Na limpeza com o detergente alcalino a recomendação da duração do ciclo é de 10 minutos, já na limpeza com detergente ácido é de 5 minutos.
Etapas de limpeza do tanque
O tanque de expansão também pode ser um local de acúmulo de resíduos de leite. Há tanques com sistemas de limpeza automática e outros que exigem a limpeza manual, nesse caso, a limpeza deve ser conforme as etapas a seguir:
- Imediatamente após o esvaziamento do tanque, enxaguar toda a superfície interna com água morna (38 a 43°C).
- Utilizar uma solução de 5 a 10 litros com detergente alcalino clorado a 50ºC.
- Usar vassoura específica para a limpeza do tanque, que possua cerdas arredondadas e não provoquem ranhuras nas paredes. Atentar-se em esfregar também a pá do agitador e o registro da saída do leite.
- Após limpeza com o detergente alcalino, passar uma solução de detergente ácido em água acima de 35ºC e inferior a 60ºC.
As práticas citadas acima contribuem principalmente no controle da contagem bacteriana total (CBT) do leite. Procedimentos como temperatura e tempo de resfriamento do leite, também influenciam. A produção de um produto de qualidade é o primeiro passo para o sucesso de qualquer empresa, o que não é diferente com uma fazenda leiteira.
André Navarro – Médico Veterinário