O grau de contaminação microbiológica da pele dos tetos possui uma relação direta com a incidência de novas infecções intramamárias. Diante isso, é importante manter uma baixa carga microbiana na superfície dos tetos para a redução da mastite e, consequentemente, da Contagem de Células Somáticas (CCS). A correta higiene dos tetos antes da ordenha (pré-dipping) é uma importante medida preventiva dessas novas infecções.
Mas o que é pré-dipping, afinal?
Pré-dipping e pós-dipping nada mais são do que a imersão dos tetos em uma solução desinfetante, antes e depois da ordenha respectivamente. A função principal do pré-dipping é reduzir, ao máximo, o número de bactérias presentes na pele dos tetos antes da colocação do conjunto de ordenha. Esse procedimento pode contribuir para a diminuição de até 80% da CBT (Contagem Bacteriana Total) do tanque. Outra vantagem é a diminuição de até 50% de novos casos de mastite causada por agentes ambientais. Principalmente quando comparada com apenas a limpeza dos tetos com água e posterior secagem.
Princípios ativos mais comuns
Para esse fim, os principais produtos utilizados são a base de iodo a 0,3%, clorexidina a 0,3%, hipoclorito de sódio a 2% e ácido lático. Outros componentes importantes compõem essas soluções, como surfactantes (que auxuliam na remoção da matéria orgânica), emolientes e umectantes (glicerina, sorbitol). Eles têm como principal função a hidratação da pele dos tetos, evitando rachaduras que podem aumentar o risco de novas infecções.
Use de maneira correta
A utilização incorreta desses produtos pode comprometer a eficiência dos mesmos. Por isso, alguns detalhes são importantes para atingir o sucesso nesse procedimento. O primeiro deles é o tempo de ação. Os produtos, em geral, necessitam de, no mínimo, 30 segundos para agir (desde a imersão dos tetos até a secagem) e alcançar uma boa eliminação dos microrganismos. Além disso, esses agentes germicidas são muito afetados negativamente com a presença de matéria orgânica. Quando os tetos chegarem muito sujos de barro, esterco, é indicada (apenas nesses casos) a lavagem somente dos tetos com água de baixa pressão, para depois imergi-los com o produto desinfetante, com cuidado, para não molhar o úbere da vaca, o que pode fazer com que a água escorra para os tetos e aumente a CBT.
Três outros pontos importantes: imergir os tetos por completo, pois, mergulhar os tetos parcialmente mantém uma carga alta de microrganismos contaminantes; o copo aplicador usado para a desinfecção deve ser sem retorno, pois os que têm retorno acabam levando contaminação e matéria orgânica de volta para o copo; a secagem dos tetos deve ser realizada com papel toalha descartável, sendo um papel por teto, para evitar a contaminação de um teto para o outro.
Monitorando
Há duas formas práticas e rápidas de avaliar a eficiência do pré-dipping e a secagem. Uma é observar o filtro de leite logo após a ordenha, e a outra, é esfregar um paninho branco ou algodão no orifício do teto e, a seguir, atribuir uma nota ( 1 a 4 ), de acordo com o grau de sujeira observado. Quanto mais sujos estiverem, tanto o filtro quanto o paninho branco, menor está sendo a eficiência, e correções devem ser realizadas para otimizar o processo.
Fique Ligado!
Não se esqueça de avaliar a procedência do produto escolhido! É importante que ele tenha tido sua formulação testada e os resultados tenham sido comprovados cientificamente, assegurando que ele realmente é capaz de reduzir a ocorrência de novos casos de mastite. A vantagem de um produto em relação a outro pode estar na tecnologia (muitas vezes patenteada) empregada para maior eficiência de cada componente do produto. Claro que essas tecnologias têm um preço, e como quase tudo, os melhores produtos não costumam ser os mais baratos. Porém, isso não deve ser visto apenas um gasto, mas sim como um investimento, cujo retorno é seguramente vantajoso. O Conselho Nacional de Mastite dos EUA (NMC – Nacional Mastitis Council) publica anualmente um relatório com todos os produtos que foram testados, usando protocolos com reconhecimento científico.
André Navarro Lobato – Médico Veterinário