Entenda como alcançar uma melhor eficiência de ordenha!

Publicado em: 04 de junho, 2021
eficiência de ordenha

Você sabia que o tempo gasto na preparação das vacas para a ordenha pode interferir na obtenção do máximo do leite por elas produzido, e influenciar na otimização da eficiência de ordenha? Neste artigo, vamos explicar melhor como observar esse processo, fatores que influenciam e quais cuidados necessários. Confira! 

COMO FUNCIONA?

O mecanismo de ejeção do leite é regulado por um hormônio chamado ocitocina. Alguns estímulos podem contribuir na liberação desse hormônio como a presença do bezerro, o barulho da ordenhadeira ligada (no caso de vacas de origem europeia), dentre outros. Porém, o principal estímulo causador desse efeito é o toque nos tetos (por exemplo no teste da caneca de fundo preto). Isso acontece pois a principal função da ocitocina é contrair os alvéolos mamários, liberando o leite para as cisternas da glândula e do teto.

COMO INFLUENCIA NA EFICIÊNCIA DA ORDENHA?

O tempo entre o início do estímulo e a “descida” do leite varia de acordo com a raça, fase da lactação, idade, dentre outros, e pode variar entre 60 e 90 segundos. O período de ação da ocitocina é de 5 a 8 minutos em média, sendo que a sua ação mais forte está entre o primeiro e o segundo minuto de ordenha. Sendo assim, ao se respeitar esse tempo melhoramos a eficiência de ordenha pois ela acontecerá durante o pico de ocitocina, o que acarreta em um maior fluxo de leite, maximizando a extração do mesmo e consequentemente diminuindo o tempo de ordenha.

Uma prática muito comum é preparar vários animais com bastante antecedência para “adiantar” o processo. No entanto, essa não é uma prática recomendada pois essas vacas ficarão aguardando muito tempo até a colocação dos conjuntos, perdendo assim o pico da ocitocina, e consequentemente até aumentando o tempo de ordenha.

Vale lembrar que além de todo esse manejo ideal de pré ordenha, a manutenção e o correto uso dos equipamentos também irão influenciar nesse mecanismo de otimização e eficiência da ordenha. Abaixo segue um exemplo de fluxograma com o tempo ideal a ser respeitado:

Fonte:  www.mastitisnetwork.org

CUIDADO!

Outro ponto importante a ser citado é a influência da adrenalina nesse processo. A adrenalina é conhecida como o hormônio do medo. Ela é liberada em momentos de estresse, sustos e medo do animal. Gritos e agressões às vacas pelos ordenhadores durante a condução dos animais até a ordenha e durante a ordenha são ações que promovem a liberação da adrenalina, que bloqueia a ação da ocitocina e gera todos os malefícios citados anteriormente.

AVALIE VOCÊ MESMO!

Como podemos ver, são muitos os pontos que podem influenciar a eficiência de ordenha. Uma forma de avaliar essa eficiência é o indicador “número de vacas ordenhadas por cada conjunto de ordenha por hora”. Esperamos um valor próximo de oito. Com esse valor referência em mãos, a conta a ser feita para se achar o tempo de ordenha ideal seria:

EXEMPLO

Imagine uma fazenda com 32 vacas em lactação e 4 conjuntos de ordenha. A conta seria 32 dividido por 4 e dividido por 8, que daria 1; ou seja, essa ordenha deve durar no máximo 1 hora.

“TENTAR ACELERAR PODE ATRASAR”

Em resumo: muitas vezes algumas medidas realizadas para tentar “acelerar” a ordenha (bater nas vacas a caminho da sala de ordenha, gritos, preparar as vacas muito antes da colocação das teteiras, etc) acabam promovendo o resultado oposto. Perde-se o pico da ocitocina e a maximização do fluxo de leite, e assim o tempo final de ordenha acaba ficando maior.

André Navarro Lobato – Médico Veterinário