O melhoramento genético de rebanhos leiteiros é um grande aliado do produtor frente às condições que limitam a criação dos animais. Dessa forma, devem ser traçadas estratégias para que seja possível o correto direcionamento genético dos animais.
Sendo assim, ao longo do texto serão abordadas informações pertinentes para auxiliar o produtor na condução do melhoramento genético em sua propriedade.
O material genético
O melhoramento genético vai acontecer de maneira eficiente em casos em que pode ser devidamente direcionado, ou seja, em que se conhece a genética que está sendo somada ao rebanho.
Dessa forma, o material genético pode ser de origem do macho ou da fêmea, desde que testados e identificados como reprodutores superiores. Na maioria dos casos é utilizado o sêmen do touro para essa questão.
Após a coleta do sêmen, existem quatro possibilidades de uso, sendo elas: inseminação artificial (IA), inseminação artificial em tempo fixo (IATF), transferência de embrião (TE) e fertilização in vitro (FIV). Nas duas últimas técnicas ocorre o uso do material genético também da fêmea e este pode ser adquirido de animais provados ou de fêmeas do próprio rebanho.
Além disso, técnicas de inseminação artificial aceleram o processo do melhoramento genético e reduz os custos de reprodução, uma vez que não é necessário manter um touro na propriedade.
Cruzamento
O melhoramento genético pode acontecer pela reprodução dentro da própria raça ou pelo cruzamento de raças distintas. Cerca de 70% da produção de leite em território nacional tem origem de animais mestiços Holandês-Zebu. Isso acontece porque o cruzamento visa a complementaridade das características raciais e a superioridade da progênie por meio da heterose.
As alternativas de cruzamentos são:
- Absorção por uma raça: acontece o cruzamento entre animais puros de raças distintas e nas próximas gerações realiza-se o cruzamento com material de origem de animal puro de uma das raças parentais. Nesse caso ocorre o aumento das características de uma raça em detrimento da outra. É uma boa alternativa para propriedades que estão tecnificando e intensificando o manejo.
- Alternado: cruza-se dois animais puros de raças distintas e posteriormente altera-se entre animais das duas raças parentais. Indicado para pequenos produtores que produzem leite à pasto.
- Tríplice ou Tricross: utiliza-se de três raças diferentes. Para pecuária leiteira o usual é uma raça zebuína e duas europeias. Consiste no cruzamento de um animal mestiço com uma terceira raça. Por exemplo, cruzamento de um animal Holandês / Zebu com Pardo-suíço.
Sendo assim, por meio do cruzamento é possível aproveitar características positivas em uma raça para melhoria em outra.
Características gerais das principais raças leiteiras
Raças Taurinas
Holandês
- Alta produção de leite;
- Na maioria dos casos, não há necessidade do bezerro ao pé para estímulo da descida do leite;
- Úbere com boa conformação;
- Baixa rusticidade, ou seja, melhor adaptação em temperaturas amenas;
- Baixo teor de sólidos no leite;
- Bezerro macho com baixo valor comercial.
Jersey
- É precoce em relação à idade reprodutiva;
- Elevado teor de sólidos no leite;
- Facilidade no parto;
- Boa fertilidade;
- Produção de leite considerada boa;
- Bezerro macho com baixo valor comercial.
Pardo Suíço
- Boa produção de sólidos no leite;
- Rusticidade;
- Longevidade;
- Boa fertilidade;
- Dupla aptidão (carne e leite);
- Baixa produção
Raças Zebuínas
Gir
- Rusticidade;
- Dentre as zebuínas é a raça de melhor desempenho produtivo;
- Excelente opção para cruzamento com Holandês (Tabela 1), uma vez que por meio desse cruzamento é possível aproveitar a rusticidade do Gir e o potencial produtivo do Holandês;
- Baixa produção;
- Baixa persistência em lactação;
- Necessidade de bezerro ao pé.
Guzerá
- Adaptação;
- Dupla aptidão;
- Boa fertilidade.
E então, qual cruzamento utilizar?
Cada raça trará benefícios ao sistema de produção de acordo com as condições de ambiência às quais é exposta. Sendo assim, entender as características de cada raça e também o que a fazenda pode oferecer é imprescindível para o sucesso do melhoramento genético de rebanhos leiteiros.
É nítido que não existe melhor raça ou melhor cruzamento, existe aquele manejo que melhor se adequa à realidade de cada propriedade. Por isso, é importante entender seu sistema de produção e contar com apoio técnico para obter bons resultados.
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Fonte: Embrapa, Fundação Roge