Entenda a relação entre manejo de ordenha e qualidade do leite

Publicado em: 30 de dezembro, 2020
manejo de ordenha

Gerar um leite que garanta a segurança alimentar dos consumidores deve ser o objetivo principal de uma fazenda leiteira. Sendo assim, o manejo de ordenha é fundamental para alcançar esta meta.

Para isso, é necessário que produtores e funcionários estejam alinhados nas boas práticas de produção a fim de zelar pela qualidade do leite. 

Este texto abordará alguns passos durante a ordenha que vão auxiliar o produtor a implementar práticas que assegurem a idoneidade do leite.

Sendo assim, prossiga com a leitura!

Higiene pessoal é fundamental para um leite de qualidade

Primeiramente, deve-se evitar constantemente a contaminação física, química e microbiológica do leite. Dessa forma, os hábitos higiênicos dos funcionários que realizam a ordenha é imprescindível. Pois agentes contaminantes podem estar presentes em suas mãos, cabelos e roupas. Portanto, sempre que possível, capacite sua mão de obra e oriente sobre os cuidados necessários.

Manejo racional dos animais e equipamentos de ordenha

Além disso, os ordenhadores devem entender sobre o manejo de uma vaca em lactação e também dos equipamentos de ordenha. Uma vez que ambos manejos interferem no desempenho produtivo do sistema.

No manejo das vacas em lactação, deve-se entender quais práticas são benéficas ao bem-estar dos animais. Por exemplo, uma condução tranquila para a sala de ordenha. Isso porque, quando os animais são maltratados pode ocorrer aumento do leite residual e redução da produção.

Além disso, os animais devem ser ordenhados de acordo com critérios de sanidade do úbere. Dessa forma, o recomendado é que os animais que apresentam altos índices de CCS detectados pelo teste CMT ou grumos no leite (mastite) sejam ordenhados por último. Ademais, o leite das vacas que estão em tratamento com antibiótico deve ser separado e descartado devidamente.

Antes da ordenha: o que devo conferir?

Mais do que prezar pela higiene pessoal dos ordenhadores, as instalações e utensílios devem estar limpos antes do procedimento de ordenha. Dessa forma, ao final de cada ordenha a higienização deve ser realizada.

A higienização consiste em: 

  • pré-enxágue: realizado com água morna (por volta de 35ºC) que será descartada sem recirculação;
  • utilização de detergente alcalino: a temperatura inicial da água deve ser de 70ºC e ao final do processo deve estar com valores superiores à 40ºC. Realizar este procedimento por 10 minutos;
  • detergente ácido: água à temperatura ambiente e o processo com duração de 5 minutos. Deve ser utilizado de acordo com a dureza da água, mas a frequência mínima recomendada é de duas vezes na semana;
  • sanitização: uma solução à base de cloro deve ser circulada pelo sistema por 5 minutos.

Os procedimentos adequados durante a ordenha

No momento do manejo de ordenha os animais devem ser tratados com o máximo silêncio possível. Além disso,  deve- se iniciar os procedimentos citados a seguir:

  • Separar os animais de acordo com a linha de ordenha;
  • Realizar o teste da caneca de fundo preto que consiste na retirada dos primeiros três jatos de leite que, além de verificar se há grumos (mastite clínica), serve como estímulo para a descida do leite;
  • Neste ponto também deve-se realizar o teste CMT com frequência mínima mensal;
  • Aplicar a solução pré-dipping que funciona como prevenção de infecções de origem ambiental;
  • Colocar as teteiras e ordenhar ininterruptamente até o esgotamento do leite;
  • Retirar as teteiras;
  • Aplicar a solução pós-dipping para prevenção de mastite de origem contagiosa;
  • Fornecer alimento para que os animais se mantenham de pé para evitar o contato direto do teto com esfíncter ainda aberto com solo e matéria orgânica.

Protocolo de tratamento e a importância na qualidade do leite

Conforme orientações veterinárias, para o tratamento de mastite a fazenda leiteira deve contar com um protocolo de tratamento.

Para implantar o protocolo deve haver, primeiramente, o treinamento da mão de obra, para que esta consiga reconhecer os sintomas da doença.

Além disso, no protocolo, os medicamentos a serem utilizados bem como suas vias de aplicação devem estar bem esclarecidos.

Ademais, é necessário que o funcionário entenda e respeite o período de carência dos antibióticos utilizados no tratamento. Sendo assim, o leite com antibiótico não pode ser misturado ao leite do tanque.

Refrigeração do leite

O leite deve ser refrigerado de modo a atingir uma temperatura de 4ºC em até três horas após sua retirada. Além disso, a coleta pelo laticínio deve ocorrer em 48 horas.

Estas exigências levam em consideração a proliferação e crescimento populacional de microrganismos. Sendo assim, quando elas são devidamente seguidas por produtores e laticínios, a segurança alimentar ao consumidor é assegurada.

Quais são os parâmetros de qualidade analisados?

São eles a Contagem de Células Somáticas (CCS) e a Contagem Bacteriana Total (CBT) e também as características inerentes ao produto que são gordura e proteína. Muitos laticínios bonificam financeiramente aquele leite que está com bons índices nos parâmetros apresentados anteriormente.

A CCS refere-se à descamação da glândula mamária que ocorre quando o animal possui alguma infecção. Dessa forma, é afetada diretamente pela mastite. Dessa forma, essa enfermidade deve ser muito bem avaliada e tratada dentro da fazenda leiteira.

A CBT indica a falta de higiene nos procedimentos que entram em contato direto com o leite. Sendo assim, o manejo de ordenha  inadequado  ocasiona o “deixar de ganhar” uma vez que não haverá bonificação.

Os teores de gordura e proteína no leite variam de espécie para espécie e também conforme a dieta fornecida aos animais. Um valor médio padrão é de 3.7% de gordura e 3.1% de proteína. E para manejar esses valores dentro dos limites que a genética do animal permite deve-se atentar para a dieta fornecida.

Dietas que diminuem a gordura do leite afetam a saúde ruminal, podendo refletir até em o aparecimento de laminites, que são doenças de casco. 

Em geral mais da metade da variação da composição do leite se deve à hereditariedade, enquanto o restante é por fatores ambientais.

Entretanto, a ingestão direta de proteína e gordura via alimentação não aumentará os teores destes sólidos no leite. Portanto, o manejo é mais complexo e necessita de acompanhamento técnico especializado para melhoria de seus valores.

Mão de obra eficiente = leite de alta qualidade

Diante de tudo o que foi mencionado, percebemos que muitos são os fatores do manejo de ordenha que influenciam na qualidade final do leite. Porém, os hábitos higiênicos dos funcionários e de higienização dos equipamentos e utensílios são imprescindíveis para atingir melhores resultados.

E você, quer alcançar melhores resultados com a produção leiteira? Acesse nossa Comunidade Gado de Leite e entenda mais sobre todo o sistema de produção de leite. 

Fontes: Eddie Fernando Reis, Embrapa, IN 76 e 77 do MAPA, Marcos Veiga