A pecuária leiteira vem se modernizando como qualquer outro setor do agronegócio. Entretanto, esta modernização não deve ser visualizada apenas em relação à máquinas e implementos. Deve estar acompanhada de uma visão empreendedora de administração de recursos e insumos e gestão de pessoas em propriedades leiteiras.
O impacto financeiro da mão de obra não é apenas devido aos desembolsos para arcar com salários. Todo manejo que depende de recursos humanos irá interferir em resultados futuros. Portanto, no entendimento da fazenda como uma empresa, proprietários e funcionários devem buscar por um mesmo propósito: o sucesso na atividade leiteira.
Dessa maneira, é necessário capacitar regularmente a mão de obra para que cada um dos colaboradores entenda que suas funções exercem grande influência no êxito de todo sistema de produção.
E então, quais os impactos e gargalos de uma boa gestão de pessoas em fazendas leiteiras? Continue com a leitura e entenda mais do assunto.
Saúde, hábitos e higiene pessoal dos trabalhadores impactam a pecuária leiteira
No dia-a-dia de uma fazenda leiteira várias são as etapas críticas do manejo que garantem a segurança do alimento produzido. Dentre elas estão os momentos em que existe contato direto entre a mão de obra e o produto (leite) e também com os utensílios e equipamentos.
Neste contexto, entende-se que as Boas Práticas Agropecuárias na pecuária leiteira englobam Boas Práticas de Higiene Pessoal e de Comportamento a fim de impossibilitar contaminações químicas, físicas e microbiológicas do leite.
Dessa forma, é imprescindível que os trabalhadores possuam boa saúde e hábitos higiênicos para que não disseminem microrganismos e sujidades para o leite.
Na ordenha, as mãos sujas podem contaminar o leite diretamente e indiretamente, devido à exposição dos tetos a patógenos que causam infecções intramamárias (mastite). Estas contaminações desvalorizam o produto, pois podem aumentar significativamente a Contagem de Células Somáticas (CCS) e a Contagem Bacteriana Total (CBT) do leite.
Portanto, deve haver uma rotina de higiene pessoal, mantendo unhas aparadas e limpas e as mãos, braços e antebraços higienizados constantemente com água e sabão. Conforme recomendações da Embrapa, as mãos devem passar por processo de higienização:
- Imediatamente antes de iniciar a ordenha;
- Antes de aplicar medicamentos;
- Depois de utilizar o sanitário, tossir, assoar o nariz ou manusear dinheiro;
- Após o uso de produtos e utensílios de limpeza;
- Após manusear ou recolher lixo e outros resíduos.
Deve-se evitar o uso de anéis, brincos, cordões e relógios, pois podem cair ou ficar preso a algum equipamento comprometendo a segurança do funcionário.
Além disso, os trabalhadores responsáveis pelo manejo dos animais não podem apresentar feridas nas mãos, braços e antebraços e doenças clínicas, como por exemplo, tuberculose e diarréias.
Outrossim, os colaboradores devem ser encaminhados periodicamente para realização de exame médico, no mínimo uma vez ao ano, podendo variar de acordo com a atividade desempenhada.
Comportamento dos funcionários faz parte do manejo racional
Muitas vezes a lida com os animais pode ser estressante tanto para a mão de obra quanto para o próprio animal. Entretanto, este estresse pode prejudicar o bem-estar de ambos, comprometendo o rendimento produtivo.
Para que efeitos negativos não ocorram, a gestão de pessoas deve atuar conscientizando os colaboradores sobre a importância de entender os animais como seres sensíveis. Ou seja, que sentem medo e se assustam com ações que saem de sua rotina. Dessa forma, é possível cultivar uma boa relação homem-animal e otimizar o desempenho técnico e econômico da atividade.
Para melhor visualização, pense em alguns exemplos: o animal só receberá a dieta correta se o funcionário prepará-la e fornecê-la adequadamente, somente se o colaborador for paciente o animal não terá medo excessivo durante os manejos.
Práticas como silêncio durante a condução dos animais para sala de ordenha ou outras instalações, e a retirada de materiais reflectores dos locais por onde eles passam são alguns exemplos de manejo racional e de simples execução.
Capacitação dos trabalhadores
Os funcionários devem receber constantemente treinamentos a fim de aprimorar a mão de obra para o desenvolvimento da atividade a que lhe cabe. Além disso, estas capacitações trazem ao funcionário o entendimento de que ele é parte importante daquele negócio.
Sempre existe algo que pode ser melhorado, não é mesmo? E a busca constante por melhorias técnicas e gerenciais é o diferencial de empreendimentos de sucesso.
Assim sendo, dentro de cada meta da propriedade deve haver o conhecimento do papel da mão de obra para a obtenção de êxito. Dessa forma, é possível direcionar capacitações para que haja constante evolução pessoal e profissional dos colaboradores.
Gestão de pessoas é o gargalo da produção de leite
Muitos são os desafios para fixação do homem no campo. Entretanto, sempre há procura por ambientes de trabalho onde a pessoa possa se desenvolver e capacitar. Então, gerir recursos humanos é fundamental para firmar a atividade leiteira como um negócio de sucesso.
Para que você técnico e proprietário possa gerir seus colaboradores e propriedade é necessário que também se capacite. Portanto, acesse a Comunidade Gado de Leite e esteja sempre por dentro dos principais gargalos da produção de leite.
Fonte: Bianca Gallardo, Boas Práticas Agropecuárias na Produção Leiteira Parte I, Rural Pecuária