O bem-estar animal por meio do manejo racional dos rebanhos leiteiros é uma das Boas Práticas Agropecuárias. O conforto dos animais exerce impacto direto no seu rendimento produtivo e, também, na visibilidade da propriedade perante a sociedade.
Dessa forma, o bem-estar dos animais deve ser entendido e explorado a partir do que é conhecido como as “cinco liberdades”, que são: livres de fome, sede e desnutrição; livres de desconforto; de dor, lesões e doenças; de medo e livres para expressão normal de seu comportamento animal.
Sendo assim, este texto abordará informações sobre o correto manejo racional de bovinos leiteiros de modo a otimizar o potencial produtivo dos animais. Continue com a leitura para saber mais.
Animais livres de fome, sede e desnutrição
É de conhecimento comum que o desempenho leiteiro de vacas em lactação está diretamente relacionado com a sua alimentação. Todos produtores de alguma forma já tiveram contato com esta realidade. Quem nunca fez um dieta baseada no 3 para 1, não é mesmo?
Nesse sentido, contextualizar esta liberdade essencial para o bem-estar animal é fácil para produtores de leite. Um alimento de boa qualidade acompanhado por uma dieta equilibrada são imprescindíveis para a expressão da máxima eficiência do rebanho.
A preocupação com o correto manejo alimentar não deve se restringir às vacas em lactação apenas. Afinal as fases de cria e recria também precisam de muita atenção.
Do mesmo modo, bezerras e novilhas são as futuras matrizes do rebanho, portanto, quanto melhor seu desempenho nestas fases, mais rápido e com maior qualidade chegarão à vida reprodutiva. Sendo assim, apesar de muitas vezes não haver lucro direto com estas categorias, deve-se manejá-las vislumbrando o longo prazo.
Ademais, o manejo alimentar tem que incluir um bom fornecimento de água. O consumo de água pelos bovinos também é fator limitante de desempenho, visto que o metabolismo do animal é altamente dependente deste recurso para seu funcionamento.
Animais livres de desconforto e livres de dor, lesões e doenças
Estas duas liberdades são complementares, uma vez que qualquer situação ou condição que cause dor aos animais implicará em seu desconforto. Portanto, deve-se buscar por manejos cotidianos que permitam garantir as boas condições de conforto aos animais.
Sendo assim, são consideradas questões-chave:
- o manejo sanitário: a fim de manter os animais sadios, devidamente vermifugados e vacinados, para que não sejam acometidos de doenças. Inspeções rotineiras da presença de carrapatos e bernes também auxiliam no conforto animal;
- o manejo alimentar: animais desnutridos têm o organismo mais fragilizado podendo ser facilmente acometidos por enfermidades;
- as instalações nas quais os animais permanecem: devem oferecer condições de conforto onde os animais descansem protegidos de condições climáticas adversas.
Além disso, quando as instalações não apresentam boas condições de higiene podem culminar em doenças.
Por exemplo, vacas em lactação que deitam com úbere em contato direto com fezes e/ou barro tem maiores chances de desenvolverem infecções intramamárias;
- a mão de obra: esta deve ser capacitada e paciente ao lidar com os animais. O ambiente de produção deve ser livre de barulhos, controlando-se o emprego excessivo da voz e da força física.
Portanto, práticas agressivas para os animais entrarem na ordenha ou para serem medicados são exemplos de ações que não devem estar presentes no manejo de uma fazenda leiteira.
Animais livres de medo e livres para expressão normal de seu comportamento animal
O manejo racional na pecuária passa pelo entendimento de que quando o animal tem liberdade para expressar seu comportamento natural ele se sente mais tranquilo.
Sendo assim, recomenda-se que o planejamento das instalações levem em consideração as ações naturais dos animais, como a própria curiosidade e o hábito de caminhar para o local de onde veio, conforme proposto por Temple Grandin.
Temple Grandin é um dos maiores nomes da atualidade quando se trata do bem-estar animal. Diagnosticada com autismo, usou de sua maneira diferente de enxergar as situações para estudar e fazer entender como é importante uma boa relação homem-animal.
Portanto, para manter o rebanho livre de medo deve-se adotar práticas baseadas em uma rotina. Assim, colaboradores que entendem o modo de agir dos animais e que evitem surpreendê-los com ações repentinas são fundamentais para uma fazenda leiteira.
Bem-estar animal e eficiência dos sistemas leiteiros
Diante do exposto, entende-se que todas as práticas adotadas com o rebanho irão refletir em sua produtividade. Portanto, deve-se investir em melhorias das instalações, alimentação, sanidade e capacitação da mão de obra sobre manejo racional.
Dessa forma, torna-se possível obter lucro na atividade ao passo que o produto gerado é bem visto socialmente.
Para mais informações sobre o manejo racional de rebanhos leiteiros seja Membro da Comunidade Gado de Leite e fique por dentro desse e diversos outros assuntos.
Fontes: Beba Mais Leite, BeefPoint, FAO, Embrapa, Revista Globo Rural, MilkPoint